Um olhar do cotidiano de Nova Iguaçu na Galeria de Artes Fenig

Aos 12 anos, Antonio Dourado descobriu, através da fotografia, que poderia eternizar a memória da família. Ele sentia falta de registros dos bisavós e tinha poucas imagens dos avós. Esse resgate ancestral foi abraçado com entusiasmo pelo menino que ganhou uma pequena câmera e se dedicou a fotografar os momentos familiares. Nesta quarta-feira (12), o pedagogo, professor e artista visual abriu sua exposição “Fresta – imagens do cotidiano iguaçuano guardadas nas frestas da cidade”, na Galeria de Artes Fenig, na rua Governador Portela, 812, no Centro de Nova Iguaçu. A mostra fica em cartaz até o dia 11 de março, de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h30. A entrada é gratuita

O evento é uma realização da Prefeitura de Nova Iguaçu, através da Fundação Educacional de Nova Iguaçu (Fenig), com apoio da Secretaria Municipal de Cultura.

Foto: Divulgação

Dos primeiros conhecimentos autodidatas da fotografia, Antonio quis se aprofundar e evoluiu sua técnica no curso de fotógrafos populares “Imagens do Povo”, do Observatório de Favelas na Maré. Esse aprendizado o ajudou a construir um olhar ainda mais apurado do cotidiano. Nessa exposição, ele destaca, entre outros locais, o túnel do Getúlio, que liga a Avenida Marechal Floriano Peixoto à Rua Coronel Bernardino de Melo, o trânsito na rodoviária, a passarela caracol e a catedral de Santo Antônio de Jacutinga. O movimento das pessoas nesses espaços e a imobilidade, diante do crescimento da metrópole compõem uma narrativa visual e cultural de Nova Iguaçu e que só é vista por um olhar muito peculiar.

“A periferia tem suas histórias, suas pessoas e sua cultura. O fotógrafo popular vai mostrar aquilo que não é visto. As pessoas no cotidiano, os afetos de família, o movimento cultural e político e as representações visuais de matriz africana na Baixada Fluminense”, destaca Antonio Dourado, algumas de suas inspirações.

Foto: Antônio Dourado

Entre os fotógrafos são sua referência estão representantes da Baixada como Danilo Sérgio e Jorge Ferreira, grandes mestres como João Roberto Ripper e Januário Garcia, além de Ratão Diniz, jovem também integrante do projeto “Imagens do Povo”.

“Como professor realizo um trabalho com as turmas da EJA, Educação de Jovens e Adultos, e utilizo a fotografia como instrumento de expressão das representações culturais do lugar, apresentação do território, a questão ambiental e principalmente a questão da identidade. A fotografia entra no sentido de valorizar a expressão estética. Ampliar as possibilidades das artes como forma de expressão para esses jovens, valorizar os movimentos culturais da Baixada, valorizar a arte para que as pessoas se reconheçam”, afirma Antonio Dourado.  

“Expor o cotidiano, na Baixada Fluminense, é contar as histórias silenciadas e se as pessoas podem acessar essas imagens em uma galeria, isso ganha o sentido de valorizar e empoderar as pessoas da região”, finaliza o artista.

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