Premiado espetáculo “A Jornada de um Herói” encerra trajetória histórica em Nova Iguaçu após cinco anos

Foto: Josélia Frasão

“A Jornada de um Herói” nasceu na Baixada Fluminense, percorreu diversos cantos do Rio de Janeiro, passou por outros estados e até cruzou fronteiras para se apresentar na China. Agora, o espetáculo retorna às suas origens para se despedir dos palcos. A circulação final já passou por Japeri, Belford Roxo, Duque de Caxias, São João de Meriti e, por fim, chega a Nova Iguaçu nesta sexta (25), às 20h, na Escola Fábrica dos Atores e Materiais Artísticos, local que deu origem ao projeto. Os ingressos são gratuitos e podem ser adquiridos na bilheteria do local.

Com reconhecimento em importantes premiações, como o Prêmio Shell e o APTR, e mais de 2 mil espectadores ao longo de cinco anos de trajetória, o espetáculo levou aos palcos temas urgentes como racismo estrutural, precarização do trabalho e desigualdades sociais, consolidando-se como um marco de representatividade e resistência.

“Foram muitas trocas, aprendizados, prêmios, tropeços e alegrias em fazer um espetáculo que levanta questões tão importantes. E o mais gratificante foi conseguir abordar temas tão sérios usando o humor como ferramenta, prezando sempre pela comunicação e o afeto com o público”, destaca Mateus Amorim, ator e autor do espetáculo.

Encerrar a jornada no território onde ela começou carrega um simbolismo especial.

“A própria ideia de ‘jornada do herói’ se forma por um círculo: o herói retorna ao seu lugar de origem transformado. A gente encerra esse espetáculo diferente de quando começamos. A ‘Jornada’ nos transformou artística e humanamente. Apresentar na Baixada é um ‘muito obrigado’. Criamos esse espetáculo a partir das histórias de trabalhadores da região, com base nas nossas vivências como baixadenses. Nada mais justo do que devolver a esse lugar toda a poesia que ele tem nos dado”, reflete o ator.

Foto: Josélia Frasão

Rompendo a famosa estratégia narrativa chamada “jornada do herói”, que costuma estar centrada em histórias que glorificam homens brancos e ricos, “A Jornada de um Herói” traz para o centro do palco o protagonismo de um homem negro, pobre, periférico e analfabeto, chamado José, magistralmente interpretado por Mateus Amorim, que também escreveu a peça. O personagem enfrenta diversas batalhas cotidianas, refletindo a realidade de muitos brasileiros que se vêem à margem da sociedade, levantando a seguinte questão: “Quem são os verdadeiros heróis?”. Através do solo narrativo, o espetáculo convida o público a refletir sobre questões urgentes da sociedade contemporânea, como o racismo estrutural, relações de trabalho abusivas e desigualdades sociais.

Idealizada pela Companhia Atores da Fábrica e por Mateus Amorim, a peça também ajudou a transformar a percepção da cena artística da região, como afirma Alexandre O. Gomes, diretor e iluminador do espetáculo: 

“Acreditou-se por muito tempo que da Baixada Fluminense não saíam trabalhos artísticos de qualidade, diante das inúmeras dificuldades enfrentadas na região. No entanto, essa percepção vem mudando, especialmente na última década, graças ao trabalho consistente de grupos como o nosso e de muitos outros coletivos que desenvolvem pesquisas e produções com qualidade artística, com rigor estético e técnico.”

Assim como José, a Companhia Atores da Fábrica segue enfrentando os desafios da caminhada artística com coragem, criatividade e afeto. A despedida de ‘A Jornada de um Herói’ é o fim de um ciclo, mas a luta para manter viva a arte periférica — potente, necessária e transformadora — continua mais viva do que nunca.

SINOPSE

Após ser demitido de uma fábrica de carvão ao questionar a diminuição do seu tempo de almoço, que passa de dez para cinco minutos, José vai atrás do seu Fundo de Proteção e Garantia ao Trabalhador Desempregado, como única opção de sustento de sua família. Tal como os heróis de Homero, José enfrenta monstros e diversos outros perigos ressignificados nas dificuldades cotidianas de um homem negro, pobre, semianalfabeto e desempregado, marcando uma verdadeira epopéia urbana em que os percalços de um ônibus cheio, uma fila quilométrica e um gerente de banco esnobe, escancaram na resistência de José, o seu heroísmo.

Foto: Josélia Frasão

ESCOLA FÁBRICA DOS ATORES

O espetáculo em questão nasceu na Escola Fábrica dos Atores, uma iniciativa de Nova Iguaçu que oferece aulas de teatro para a comunidade a preços populares, sobrevivendo a partir de doações e editais, sem nenhum patrocínio. Apesar das dificuldades e limitações enfrentadas diariamente, a companhia segue firme, dedicando-se a trazer novas perspectivas aos jovens da comunidade, além de já ter formado diversos artistas que hoje colhem os bons frutos da arte.

SERVIÇO

Nova Iguaçu (Escola Fábrica dos Atores)
Data: 25 de julho (sexta-feira)
Horário: 20h
Endereço: R. Governador Portela, 477 – Centro, Nova Iguaçu – RJ

Classificação: 12 anos

Duração: 70 minutos

Ingresso: Gratuito (retirada na bilheteria no local, antes do início da sessão)

FICHA-TÉCNICA:

Idealização: Escola Fábrica dos Atores e Mateus Amorim
Encenação: Alexandre O. Gomes
Direção de movimento: Alexandre O. Gomes
Atuação: Mateus Amorim
Texto: Mateus Amorim
Iluminação: Alexandre O. Gomes
Cenografia: Alessandra Fernandes
Figurino: Alessandra Fernandes
Contrarregragem: Karen Menezes
Preparação vocal: Jane Celeste
Preparação musical: Adilson Muniz
Trilha sonora original: Mateus Amorim
Design gráfico: Joselia Frasão
Assessoria de imprensa: Monteiro Assessoria – Laís Monteiro
Mídias digitais: Karen Menezes
Produção: Amanhã Produções
Direção de produção: Ítalo Leal
Produção executiva: Alessandra Fernandes

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