Em 2010, ainda era possível andar por algumas cidades da Baixada Fluminense e ver, lado a lado, uma paróquia católica e um templo evangélico, disputando fiéis à base do sino e do louvor. Em algumas delas, como Nilópolis, Guapimirim e Magé, o catolicismo ainda mantinha maioria relativa. Mas isso ficou para trás.
Os dados do Censo 2022 confirmam aquilo que os ônibus com versículos pintados, os mutirões de oração e os templos multiplicados por quarteirão já sugeriam: a Baixada se converteu. Mais de 1,3 milhão de moradores, ou 38,88% da população regional, se identificam com alguma vertente evangélica. Em nenhum dos 13 municípios o catolicismo supera esse número. E em muitos, a diferença é larga.
Em Paracambi, 46,76% da população se diz evangélica – o índice mais alto da Baixada. Logo atrás vêm Seropédica (46,29%) e Queimados (44,62%), cidades onde os cultos ocupam, além dos templos, praças, salões e canais no YouTube. Nilópolis, por sua vez, registra o menor índice de evangélicos (32,88%), ainda assim, um número superior ao dos católicos locais, que somam 32,06%.
A Igreja Católica, que até a virada do século ainda era amplamente dominante, agora representa 27,69% dos moradores da Baixada, cerca de 993 mil pessoas. É o segundo maior grupo, mas com uma diferença que cresce a cada década. Guapimirim é, curiosamente, o último bastião do catolicismo regional, com 32,11% de fiéis.

Enquanto isso, um terceiro grupo cresce: os que não seguem nenhuma religião. Em Japeri, por exemplo, 31,02% da população afirma não professar fé alguma – quase o dobro dos católicos da cidade, que hoje são apenas 18,97%. Belford Roxo (27,02%) e São João de Meriti (25,15%) também aparecem com números expressivos nesse segmento. A Baixada não é só evangélica: ela é, também, cada vez mais desligada das religiões tradicionais.
As religiões de matriz africana, como Umbanda e Candomblé, mantêm sua presença, ainda que modesta, com destaque em Nilópolis (3,71%), Mesquita (3,60%) e Nova Iguaçu (2,70%), cidades onde, entre os becos e terreiros, ainda se escutam os atabaques e se veem as guias em pescoços discretos.
Se em 2010 ainda havia quatro cidades da Baixada onde os católicos eram maioria, o mapa atual mostra uma transformação completa. A fé evangélica, com seu dinamismo, sua linguagem direta e suas igrejas-boutique que funcionam como centros sociais e espirituais, não apenas cresceu: se estabeleceu como a nova religião majoritária da região.Mais do que uma estatística, os números revelam um fenômeno cultural, social e político. Uma conversão silenciosa que há anos se desenhava em cultos de domingo à noite, em programas de rádio e em pastores com microfone e fé no peito. Agora, ela está oficialmente registrada. Pelas mãos do IBGE. E pelas almas da Baixada.
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