Por Bernardo Carapiá
Small Axe é uma antologia de cinco filmes dirigidos por Steve Macquin, lançada em 2020, atualmente disponível aqui pelo Globloplay.
São todos média-metragens de pouco mais de 1 hora, que funcionam de forma autônoma, tendo como tema que atravessa todos, a retratação da comunidade negra na Inglaterra entre os anos 60 e 80.
As tramas, na maioria das vezes, são um pouco didática na forma como mostram os problemas que aquelas pessoas passam pela opressão sistemática. No entanto, oferecem uma boa visão sobre o assunto, por conseguir mostrar vários aspectos dessa violência, com a direção, em certos momentos, assumindo tons mais suaves e melancólicos, como também mais instigadores daquela raiva contra tanta repressão.
O primeiro filme Mangrove mostra a real história de várias batidas policiais feitas no restaurante de mesmo nome, que gerou protestos, prisões e um grande julgamento. É com certeza o mais revoltante por demonstrar essa ação tão direta, que mostra só esse ódio das autoridades por esse povo, e sua ação tão cruel. Sendo um dos mais envolventes por ter esse tom acusatório.
O segundo filme Lovers Rock é incrível e o melhor da antologia. Nele simplesmente acompanhamos uma festa blues nos anos 80. Sendo o menos direto nessa tentativa de ir estabelecendo os conflitos das opressões, por assumir um olhar mais de exaltação cultural da comunidade. Com um dos pontos principais sendo a música reggae e a dança.
Vermelho, Branco e Azul, o terceiro, é também sobre violência policial, porém agora com o protagonista se juntando a ela para tentar mudá-la por dentro e, assim, os conflitos com sua família e comunidade por ser considerado um traidor. Possui tom mais melancólico por essas brigas mais íntimas, além da desilusão.
Em Alex Wheatle, o quarto filme, a gente acompanha a vida do escritor de mesmo nome. Esse é o mais didático, pois mostra várias facetas dessas opressões e os aspectos culturais, seguindo também um caminho bem linear para mostrar esses aspectos.
Por último, no quinto filme Educação, vemos Kinglesy, uma criança, chegando em uma escola para pessoas com necessidades especiais. Esse também é bem didático, mas interessante por ser mais específico, e revelando essa segregação educacional que também afeta a autoestima dos negros. Tem um tom mais íntimo e comovente por demonstrar um conflito estrutural, com um caso que nos envolve e ajuda a criar empatia com um personagem que visivelmente sofre bastante com a situação.
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