Número de pessoas desaparecidas cresce na Baixada em 2024

Os dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) para o período de janeiro a outubro de 2024 mostram que os desaparecimentos continuam a ser uma preocupação crescente no estado do Rio de Janeiro. Na Baixada Fluminense, a situação é especialmente alarmante, com um aumento de 6,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, alcançando 1.424 registros, o maior número desde 2015.

A Baixada no cenário estadual

O relatório aponta que, entre todas as regiões do estado, a Baixada Fluminense apresenta o segundo maior número absoluto de desaparecimentos, ficando atrás apenas da capital. No acumulado estadual, os desaparecimentos atingiram a marca de 5.037 casos em 2024, o que representa um aumento de 5,9% em relação ao ano anterior.

Na Baixada, municípios como Nova Iguaçu (377 casos) e Duque de Caxias (307 casos) destacam-se entre os mais afetados, o que reflete não apenas a densidade populacional, mas também a vulnerabilidade social e a dificuldade de acesso a políticas públicas de segurança.

O que está por trás dos números?

Os dados de desaparecimentos englobam uma ampla gama de situações: homicídios com ocultação de cadáver, raptos, sequestros, casos de idosos com Alzheimer que se perdem, crianças que fogem de casa e até adultos que desaparecem de forma deliberada. Essa variedade de circunstâncias dificulta uma análise detalhada e exige estudos mais aprofundados sobre o tema.

O relatório do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) destaca que, apesar de os registros serem feitos pela polícia, não há um dossiê temático que analise profundamente as causas e os perfis dos desaparecimentos. Essa ausência de informações mais qualificadas limita a capacidade de formulação de políticas públicas eficazes para prevenir e investigar esses casos.

Uma crise que impacta famílias e comunidades

O desaparecimento de uma pessoa gera impactos profundos e prolongados para as famílias. Além do sofrimento emocional, há questões legais e financeiras que agravam a situação, como a impossibilidade de acessar benefícios sociais ou de realizar a partilha de bens quando não há desfecho para o caso. Na Baixada, onde muitas famílias enfrentam dificuldades econômicas, esses problemas são ainda mais graves.

O papel das políticas públicas

Apesar do aumento dos desaparecimentos, não há registro de ações significativas por parte do governo estadual ou dos municípios da Baixada para enfrentar o problema. Medidas como campanhas de conscientização, melhoria dos sistemas de registro e ampliação de equipes especializadas para investigação são fundamentais, mas ainda insuficientes.

Outra questão crítica é a ausência de uma base de dados unificada e integrada que conecte os registros de desaparecimentos com outras ocorrências, como achados de cadáveres e vítimas de violência. Essa lacuna dificulta a elucidação dos casos e a localização de pessoas desaparecidas.

Os números de desaparecimentos na Baixada Fluminense expõem uma crise silenciosa que afeta milhares de famílias e comunidades. Enquanto os registros aumentam ano após ano, a falta de políticas públicas específicas e de estudos aprofundados sobre o tema perpetua uma sensação de impotência e insegurança. Para mudar esse cenário, é urgente que as autoridades tratem os desaparecimentos como uma prioridade, implementando estratégias que combinem investigação eficiente, apoio às famílias e prevenção.

Fonte: Crime no Rio [livro eletrônico]: dados oficiais e análises, vol. 6 / Silvia Ramos…[et al.]; editor Wellerson Soares. – Rio de Janeiro : CESeC, 2024.

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