Por Isabelle Brenda
É mês de festa na cidade de Duque de Caxias, pois ela esta prestes a completar 80 anos de emancipação. A história da cidade confunde-se com a dos outros municípios da Baixada Fluminense, isso porque até a década de 1940 Duque de Caxias, São João de Meriti e Nilópolis, juntos com Nova Iguaçu formavam um só município. Quer conhecer a história da emancipação desse município que se tornou o terceiro mais populoso do estado do Rio de Janeiro? Então vem comigo!
Tempos coloniais e primeiros habitantes
A história de Duque de Caxias está ligada, desde os tempos coloniais, com a cidade do Rio de Janeiro. Devido a sua extensa rede hidrográfica, realizava-se o escoamento da produção local e servia como elo de comunicação entre o interior e o litoral.
Diversos povos indígenas habitavam a região, mesmo assim, algumas terras foram doadas para os colonos em formas de sesmarias após a expulsão dos franceses que haviam invadido a Baia de Guanabara. Um dos agraciados foi Cristóvão Monteiro que recebeu terras, em 1565, as margens do Rio Iguaçu, que formaram a Fazendo do Iguaçu sendo a mesma, mais tarde, adquirida pela Ordem de São Bento, tornando-se então a mais antiga e importante fazenda localizada na região que hoje constitui o município de Duque de Caxias.
Duque de Caxias na rota do ouro
Como dito, a primeira atividade econômica que incentivou a ocupação das terras caxienses foi a agricultura. Já no século XVIII, a relação do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense mudou completamente: a área tornou-se passagem obrigatória por conta do ouro descoberto nas Minas Gerais. O Caminho Novo do Pilar foi aberto devido às necessidades oriundas da mineração: havia a urgência de abrir um caminho rápido, econômico e seguro, que ligasse o Rio de Janeiro à região das Minas Gerais, destaque para os portos da Estrela, Pilar e Iguaçu.
Apesar da decadência da mineração anos depois, a região manteve-se como ponto de parada e abastecimento de tropeiros, assim como local de passagem de mercadorias. Em meados do século XX, toda a área de Duque de Caxias era um espaço rural, uma área periférica, que passou por um processo de ocupação desordenado, facilidade pela Estada de Ferro Leopoldina Railway.
O traçado das linhas dos trens passou a ditar os novos caminhos, modificou por completo as relações comerciais e a ocupação do solo. Esse processo foi muito importante para Duque de Caxias, pois diversas vilas e povoados se organizavam em torno das estações ferroviárias. Com a inauguração da Estrada de Ferro Leopoldina, em 23 de abril de 1886, a localidade ficou definitivamente ligada ao antigo Distrito Federal do Brasil.
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“Bota Abaixo” e o aumento da população da Baixada Fluminense
No início do Século XX, houve um grande crescimento demográfico na Baixada Fluminense, pois essas terras serviram para aliviar as pressões demográficas da cidade do Rio de Janeiro, já prenunciadas no “Bota Abaixo” do Prefeito da cidade do Rio de Janeiro Pereira Passos. Os dados apontam que a população de Meriti aumentou de 800 pessoas em 1910, passando para 2.920 em 1920, e para 28.756 habitantes em 1930.
Com todo esse crescimento e destaque, o presidente Getúlio Vargas implementa no território atual de Duque de Caxias um processo de remodelação da sua área, incorporando ao modelo urbano industrial.
Finalmente a Emancipação
União Popular Caxiense (UPC) era um grupo formado por jornalistas, médicos e políticos locais que reivindicavam a emancipação da cidade. Em 1940, foi criada a comissão pró-emancipação composta por Sylvio Goulart, Rufino Gomes, Amadeu Lanzeloti, Joaquim Linhares, José Basílio, Carlos Fraga e Antônio Moreira. A reação do governo da época foi imediata e os manifestantes foram presos.
Vendo todo esse desenvolvimento pelo qual passava Meriti, o Deputado Federal Dr. Manoel Reis propôs a criação do Distrito de Caxias. Em 14 de março de 1931, através do ato do interventor Plínio Casado, foi criado, pelo Decreto Estadual Nº 2.559, o distrito de Caxias, com sede na antiga Estação de Meriti, pertencente ao então município de Nova Iguaçu. Em 31 de dezembro de 1943, através do Decreto-Lei 1.055, elevou-se à categoria de município recebendo o nome de Duque de Caxias. Já a Comarca de Duque de Caxias foi criada pelo Decreto-Lei nº 1.056, no mesmo dia, mês e ano.
Os anos 1940 encontraram o Distrito com uma população que já atingia a casa dos 100.000 habitantes, porém somente em 1947, foi eleito o primeiro prefeito por voto popular.
Com a emancipação, o município recebeu grande incentivo em sua economia. Várias pessoas, oriundas principalmente do Nordeste do Brasil, chegavam ao Rio de Janeiro em busca de trabalho e elegiam Duque de Caxias como residência.
A escolha do nome da cidade
O nome do município é uma homenagem ao patrono do Exército brasileiro, Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, também conhecido como “O Pacificador”. Ele nasceu na região do município, em 1803.
Meriti (antigo nome da localidade) vinha ganhando melhorias feitas por Nilo Peçanha, e as poucos “Meriti do Pavor”, como a estação ferroviária era mais conhecida não era mais compatível com a antiga Meriti de abandono e malária. No dia 6 de outubro de 1930, José Luiz Machado, mais conhecido como “Machadinho”, morador da localidade, se reuniu com um grupo de amigos e foi até a estação de trem, próximo à rua Plínio Casado, para retirar a placa que tinha o nome de Meriti e trocá-la por Caxias.
Hoje em dia Duque de Caxias é a terceira cidade mais populosa do Rio de Janeiro e a 22° cidade mais populosa do Brasil.
Fonte:
https://www.cmdc.rj.gov.br/
Isabelle Brenda é nascida e criada em Duque de Caxias. Formada em História pela UFRJ, pesquisa sobre História da Imprensa no Rio de Janeiro no século XX. Atualmente, trabalha como supervisora de pesquisa no IBGE.