Por Isabelle Brenda
O mês de novembro traz consigo muito calor e diversos feriados. Dois desses feriados são datas importantes para a história do nosso país: 15 de novembro – Dia da Proclamação da República e 20 de novembro – Dia da Consciência Negra. Como o intuito dessa coluna (e de todo esse site) é sempre deixar a Baixada Fluminense em destaque, trago para vocês dois eventos que contribuíram para aumentar a importância e significado dessas datas que aconteceram diretamente nos municípios de Magé e Duque de Caxias.
Proclamação da República
Quem curte o feriado de 15 de novembro hoje em dia nem imagina que esse evento desencadeou uma verdadeira destruição de Magé. O fim da monarquia e a posterior eleição do primeiro presidente do Brasil, Deodoro da Fonseca, e de seu vice, Floriano Peixoto, não agradaram todo mundo.
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A Proclamação da República aconteceu em 1889 e foi comandada pelo marechal Deodoro da Fonseca. Daí em diante o Brasil deixa de ser um império monarquista e passa a ser uma república presidencialista. A proclamação ocorreu na Praça da Aclamação (atual Praça da República), na cidade do Rio de Janeiro, então capital do império.
Mas nem tudo são flores e logo alguns setores da sociedade começaram a se opor à ordem instaurada, especialmente a Marinha. O levante ficou conhecido como Revolta da Armada e durou entre 1891 e 1894, no qual os marinheiros reivindicaram maior participação na recém-criada república brasileira. Até aquele momento, apenas o exército tinha participado ativamente no governo.
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Após o Governo Provisório (1889-1891), Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto são eleitos presidente e vice-presidente do Brasil respectivamente. Dois anos após essa eleição, Deodoro da Fonseca, por falta de apoio político nos estados e no Congresso, renunciou. Floriano assumiu e não convocou eleições, sendo acusado por setores do Exército e da Marinha de manter-se no poder contrariando a Constituição.
Nesse contexto, o almirante Luís Filipe de Saldanha da Gama (1846-1895) e Custódio José de Melo (1840-1902), então ministro da Marinha, arquitetaram um movimento contra Floriano Peixoto. Para justificar sua ação, os revoltosos denunciavam a ilegalidade do governo e passaram, em setembro de 1893, a bombardear a Baía da Guanabara. Era a Revolta da Armada.
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Nesse momento, Magé entra nessa história, pois as tropas revoltosas invadem Paquetá e depois a cidade de Magé. Chegaram ao Porto da Piedade e submeteram a população local. Em meados de 1893, a cidade é ocupada e vira um centro para fornecimento de alimentos. A população, amedrontada, retirou-se, indo para Petrópolis e Teresópolis e outros pontos do estado.
As tropas do governo de Floriano Peixoto chegaram a Magé no dia 21 de fevereiro de 1894 com o objetivo de retomar o controle e reinstaurar os poderes da República. A população entra em pânico, fecha o comércio e alguns moradores buscam abrigo nas cidades vizinhas. Há relatos de que as tropas governamentais agiram com brutalidade nas terras mageenses com o objetivo de retomar o controle do local, e esse episódio ficou conhecido como “Horrores de Magé”. Você conhecia esse episódio tenso da cidade de Magé?
Dia da Consciência Negra
Há pouco tempo eu escrevi um artigo sobre os recentes dados do Censo 2022 sobre a população quilombola da Baixada Fluminense. Nele eu também falo sobre a origem dos quilombos como símbolos de resistência dos escravizados no Brasil e sobre o único quilombo da Baixada Fluminense reconhecido pela Fundação Cultural Palmares: Quilombo Maria Conga.
Dessa vez trouxe para vocês um breve relato sobre um tombamento recente do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural – Inepac e de um influente líder religioso que teve destaque religioso não só na Baixada Fluminense como em todo o Rio de Janeiro: Joãozinho da Gomeia (1914-1971) é apontado como uma personalidade influente que valorizou a cultura de origem africana em seu terreiro no bairro de Dr. Laureano em Duque de Caxias.
O Terreiro de Joãozinho da Gomeia foi frequentado por muitas pessoas famosas na época e também funcionava como um local de festas e de assistência à comunidade. O (Inepac) aprovou o tombamento do Terreiro da Gomeia em 2021.
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Isabelle Brenda é nascida e criada em Duque de Caxias. Formada em História pela UFRJ, pesquisa sobre História da Imprensa no Rio de Janeiro no século XX. Atualmente, trabalha como supervisora de pesquisa no IBGE.
Não conhecia essa parte da historia que levou revoltosos a invadirem Magé.
Adorei saber!