Os 192 anos de Nova Iguaçu: a história da Cidade Mãe da Baixada Fluminense

Por Isabelle Brenda

No dia 15 de janeiro de 2025, Nova Iguaçu celebra 192 anos de emancipação, e sua importância na Baixada Fluminense e na Região Metropolitana do Rio de Janeiro é inquestionável. Conhecida como “Cidade Mãe”, Nova Iguaçu foi o ponto de partida para a formação de diversos municípios da Baixada.

Apesar da perda de muitos territórios, Nova Iguaçu segue como um marco de relevância histórica e social. No auge de sua população, em 1989, a cidade atingiu impressionantes 1,7 milhão de habitantes, figurando como a sexta maior cidade do Brasil a época. Hoje, com uma população estimada de 843 mil pessoas, é a quarta maior cidade do estado e ocupa uma posição de destaque territorial, com seus 521 km² de extensão.

A história de Nova Iguaçu é rica e repleta de transformações. Vamos mergulhar nessa trajetória?

Os tempos coloniais

Nos primeiros anos de colonização, após a divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias, as terras que hoje formam Nova Iguaçu permaneceram em grande parte inexploradas. Somente em 1566, com o registro de sesmarias na região, começou a efetiva ocupação do território. Esse processo foi gradual, e o povoamento se deu, principalmente, ao longo dos rios que cruzam a Baixada Fluminense.

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A verdadeira expansão da região de Nova Iguaçu, e consequentemente de toda a Baixada Fluminense, se deu com o Ciclo do Ouro. Durante esse período, as pedras preciosas extraídas de Minas Gerais eram transportadas até o Rio de Janeiro pela Estrada Real, que terminava em Paraty. No entanto, os frequentes roubos nas rotas marítimas levaram à construção de uma nova estrada: a Estrada Real do Comércio, que conectava diretamente as minas ao Porto de Iguassu. A partir dali, as pedras preciosas seguiam pelos rios até a capital do Império, em um trajeto mais seguro.

Além de rota comercial, a prosperidade agrícola chegou com a distribuição das primeiras sesmarias. Os rios da região não só fertilizavam as terras, mas também serviam como vias de escoamento da produção até o Rio de Janeiro. Às margens do Rio Iguaçu, a vila prosperou, tornando-se um dos grandes empórios da cidade, com produtos sendo transportados tanto por via fluvial quanto terrestre. Em 15 de janeiro de 1833, a vila conquistou sua autonomia, com sua instalação oficial ocorrendo em 27 de julho do mesmo ano.

Transformações com o Avanço Tecnológico

Na segunda metade do século XIX, Nova Iguaçu viveu um período de decadência, impulsionado pelas inovações tecnológicas. A inauguração da Estrada de Ferro D. Pedro II (atual Central do Brasil), em 1858, levou ao abandono das vias fluviais e redirecionou o fluxo comercial e agrícola para o leste do município. O crescimento do Arraial de Maxambomba fez com que a sede municipal fosse transferida para esse novo centro econômico. Em 1916, Maxambomba passou a se chamar Nova Iguaçu, consolidando-se como a sede oficial do município.

Na época, o município abrangia uma vasta região, que incluía os distritos de Bonfim (ex-Palmeiras), Duque de Caxias, Estação José Bulhões (ex-Cava), Estrela, Nilópolis, Pilar (ou Xerém), Queimados e São João de Meriti (que ainda era denominado Meriti). Belford Roxo foi incorporado em 1938, ainda como distrito.

Rua Marechal Floriano Peixoto, Nova Iguaçu, RJ 1968 (IBGE)

Explosão Populacional: Lavouras, Terras e Migração

O crescimento das paradas de trem impulsionou a ocupação das áreas ao redor, iniciando um período de crescimento explosivo. Durante o século XX, a Baixada Fluminense recebeu uma intensa onda migratória. Ex-escravizados e seus descendentes, libertos pela Lei Áurea, deixaram o interior do estado em busca de trabalho. Ao mesmo tempo, nordestinos fugiam da seca, buscando melhores condições de vida no Rio de Janeiro. A esses migrantes se somaram imigrantes italianos, alemães e libaneses, que chegavam ao Brasil fugindo das guerras mundiais.

Sob a presidência de Nilo Peçanha (1909-1910), o governo federal investiu na região, transformando-a em um polo agrícola, com destaque para a produção de frutas cítricas como abacaxi, limão e laranja. Durante as décadas de 1930 e 1940, Nova Iguaçu recebeu o apelido de “Cidade Perfume”, devido à grande produção de laranjas. Contudo, a queda nas exportações durante a Segunda Guerra Mundial levou ao loteamento das terras e incentivou a ocupação promovida pelo governo da Era Vargas.

Nova Iguaçu já foi bem maior do que hoje: abrangia os municípios de Japeri, Queimados, Nilópolis, São João de Meriti, Belford Roxo, Duque de Caxias e Mesquita Foto: Prefeitura de Nova Iguaçu

As Duas Ondas de Emancipação

Com a crise econômica e o declínio da exportação de laranjas, começou o movimento de divisão territorial do município. A partir da década de 1940, Nova Iguaçu passou por sua primeira onda de emancipações: Duque de Caxias tornou-se independente em 1943, seguido por Nilópolis e São João de Meriti, em 1947.

As primeiras emancipações aconteceram em 1943, com Caxias, e 1947, com Nilópolis e São João de Meriti Foto: Divulgação/Prefeitura de Nova Iguaçu

Já nos anos 1990, a segunda onda de emancipações ocorreu: Belford Roxo e Queimados em 1990, Japeri em 1991 e Mesquita em 1999.

O último município a se emancipar foi Mesquita, em 1999 Foto: Divulgação/Prefeitura de Nova Iguaçu

Com a construção da Rodovia Presidente Dutra e a revitalização da malha ferroviária, Nova Iguaçu voltou a crescer, assumindo novos papéis como cidade dormitório e corredor de acesso à capital. Apesar das transformações, a cidade segue sendo um marco histórico e cultural da Baixada Fluminense.

Festa de Aniversário e Cultura

Foto: Divulgação

As comemorações pelos 192 anos de fundação da cidade de Nova Iguaçú começaram na segunda-feira (13/01) com a exposição “Da Velha Iguassú à Nova Iguaçu” que retrata a história do município. Duas das mostras, intituladas Personalidades Históricas Iguassuanas e Panoramas de Nova Iguaçu em 1932, estão em exibição na sede da Prefeitura, enquanto a exposição O Canto das Três Raças na Terra dos Laranjais segue no Complexo Cultural Mário Marques.

No aniversário da cidade (15/01) ocorrerá a inauguração do Pórtico do Parque Histórico e Arqueológico de Iguassú Velha e o lançamento da pedra fundamental do Museu de Arqueologia e Etnologia de Nova Iguaçu.

É muito bom ver uma cidade que valoriza a sua história! Parabéns, Nova Iguaçu!!!

Fontes: Prefeitura de Nova Iguaçu e IBGE

Isabelle Brenda é nascida e criada em Duque de Caxias. Formada em História pela UFRJ, pesquisa sobre História da Imprensa no Rio de Janeiro no século XX. Atualmente, trabalha como supervisora de pesquisa no IBGE.

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