Linha Vermelha: ligando o Rio à Baixada Fluminense

Por Isabelle Brenda

Em 1994 as obras da Linha Vermelha foram finalizadas e apresentadas aos moradores da Baixada Fluminense. Finalmente foi construída uma conexão direta com diversas outras vias expressas de grande importância, como a Avenida Brasil e as Rodovias Washington Luiz e Presidente Dutra. A Linha Vermelha serve principalmente para o deslocamento entre a Baixada Fluminense (Belford Roxo, São João de Meriti, Nova Iguaçu, Mesquita, Duque de Caxias) e o Centro e Zona Sul da cidade do Rio.

Com essa nova via expressa, o tempo de deslocamento entre determinados municípios da Baixada e o Centro da cidade do Rio de Janeiro reduziu-se consideravelmente, a ideia do engenheiro era durar 20 minutos a viagem de travessia da via. Será?!

Constantino Doxiadis e o Plano Policromático

O Plano Doxiadis foi publicado em 1965 e concebido pelo arquiteto e urbanista grego Constantino Doxiadis, contratado pelo governador do ainda Estado da Guanabara, Carlos Lacerda (1960-1965). Esse plano englobava vários fatores que melhorariam a urbanização do estado, o que incluía questões habitacionais, saneamento básico e a criação de sistemas viários de ferrovias, rodovias e metrô. O novo Plano Diretor ficou conhecido como Plano Policromático, pois além de prever a criação da Linha Vermelha, incluía a criação de outras grandes vias de circulação: Linha Amarela, Azul, Marrom, Verde, Lilás.

O plano privilegiou a utilização do automóvel como meio de transporte individual e do ônibus como meio de transporte de massa, para tal o projeto previa mais 400 km de vias expressas, e 80 km de linhas de metrô. É importante ressaltar que o plano jamais foi implementado em sua totalidade, mas diversos governos realizaram partes importantes como túneis, viadutos, abertura da linha Lilás e implementação de parte da Linha Verde, além da Linha Amarela e Linha Vermelha.

Linha Vermelha

A RJ-071, oficialmente denominada Presidente João Goulart e popularmente conhecida como Linha Vermelha, teve três fases de inauguração: 15 de abril de 1978 (1ª fase) 30 de abril de 1992 (2ª fase) 11 de setembro de 1994 (3ª fase). A via liga os municípios do Rio de Janeiro e São João de Meriti, atravessando o município de Duque de Caxias, possui extensão de 21,9 km.

Foto: Acervo O Globo

A ideia da construção dessa via expressa era diminuir o trânsito da Avenida Brasil, no trecho da saída da Rodovia Presidente Dutra até São Cristóvão. O projeto foi apresentado ao Governo do Estado ainda em 1965 como “Plano Doxiadis”.

Inauguração

Um trecho de 5,2 km da Linha Vermelha foi inaugurado em 15 de abril de 1978, entre o fim do Elevado Paulo de Frontin, na Cidade Nova e o Campo de São Cristóvão. A segunda etapa ficou pronta em 30 de abril de 1992, durante o mandato do governador Leonel de Moura Brizola e a extensão ia de São Cristóvão até a Ilha do Fundão. Nessa época a via recebeu o nome de Avenida Tiradentes e, posteriormente, passou a se chamar Via Expressa Presidente João Goulart. Por fim, o último trecho a ser inaugurado, que possuía 14 km, ligando a Ilha do Fundão e a Rodovia Presidente Dutra, foi aberto ao trânsito em 11 de setembro de 1994.

Foto: Acervo O Globo

No ano de 2012, foi inaugurada a primeira ponte estaiada da cidade do Rio de Janeiro, uma ligação da Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, com a Linha Vermelha. 

Foto: Reprodução

Interseções da Linha Vermelha na Baixada Fluminense

  • Rodovia Presidente Dutra, ligação para 6 municípios da Baixada Fluminense e para São Paulo.
  • Avenida Doutor Manoel Teles, acesso secundário ao Centro de Duque de Caxias, para alguns bairros do município e de São João de Meriti, que são limítrofes, como Jardim Sumaré e Parque Araruama.
  • Avenida Governador Leonel de Moura Brizola (Antiga Presidente Kennedy) (RJ-101), ligação para o Centro de Duque de Caxias.
  • Rodovia Washington Luís (BR-040), ligação para Magé, Guapimirim, Petrópolis, Teresópolis, Além Paraíba, Juiz de Fora, Belo Horizonte e Brasília
Foto: Marcelo Piu / Agência O Globo

Consequências da Inauguração da Linha Vermelha para a Baixada Fluminense

Houve uma transformação nos olhares direcionados à Baixada Fluminense nos últimos anos, antes os municípios eram vistos apenas como cidades dormitórios, ilhas de pobreza e locais carentes marcados pela violência. Em meados dos anos 1990 e concomitantemente com a inauguração da Linha Vermelha, a Baixada passou a ser alvo de investimentos públicos e privados: remodelação de suas vias urbanas, chegada de novas fábricas e empresas, surgimento de shoppings centers e diversas opções de cultura e lazer para seus moradores.

A Via Expressa Presidente João Goulart é mais um dos marcos históricos da Baixada Fluminense. Uma obra dessa magnitude mostra a relevância que a região possui para o estado do Rio de Janeiro. Hoje em dia existem diversas linhas de ônibus que utilizam a via para deslocar mais rapidamente milhares de moradores da baixada fluminense, além de diversos motoristas que usufruem da via para se deslocar com seus veículos particulares.

Bibliografia:
KLEIMAN, Mauro. As vias expressas e seus impactos na mobilidade da metrópole do Rio de Janeiro. Revista Chão UrbanoLinhas Coloridas do Rio de Janeiro (viajandopelahistoriadoriodejaneiro.com)

Isabelle Brenda é nascida e criada em Duque de Caxias. Formada em História pela UFRJ, pesquisa sobre História da Imprensa no Rio de Janeiro no século XX. Atualmente, trabalha como supervisora de pesquisa no IBGE.

2 thoughts on “Linha Vermelha: ligando o Rio à Baixada Fluminense

  1. Caramba!!! Não tinha ideia de nada disso!
    Sou usuária da Linha Vermelha e agora ao passar por ela vou me lembrar dessa história!
    Obrigada por compartilhar esse conhecimento, adorei!!

  2. Gostaria e muito de ver nessa matéria as linhas de Ônibus Intermunicipais, que o Governador Leonel Brizola, na ocasião autorizou. Eram quatro, saindo de DCaxias, Nilópolis, Nova Iguaçu e São João de Meriti, até a Zona Sul, porém, por um pequeno detalhe, uma pequena falha de projeto (colocou apenas uma empresa a Real Auto Ônibus O “amarelinho ” da Capital), a “autorização” foi contestada na Justiça e com isso, milhares de trabalhadores da Baixada Fluminense, deixaram de ter um Serviço T.U. (Turno Único, Manhã e a tarde), por conta desta “manipulação judicial” (A velha desculpa de “concorrência desleal”).

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