No dia 29 de março (sábado), o documentário “Tem um Quilombo no Quintal de Casa”, dirigido por Rute Sant’Anna, estreia em evento gratuito no Gomeia Galpão Criativo, em Duque de Caxias. O curta-metragem passeia pela história e pela importância sociocultural, ancestral e afetiva do Quilombo de Bongaba (Quilombo Quilombá), um dos três territórios quilombolas certificados pela Fundação Palmares em Magé, na Baixada Fluminense. A obra foi realizada com recursos da Lei Paulo Gustavo e conta com equipe totalmente formada por profissionais mulheres do audiovisual caxiense.
As responsáveis pela realização do projeto são Rute Sant’Anna, 26 (roteiro e direção), Bárbara Martins, 27 (câmera, edição e assistência de roteiro e direção), Mirella Souza, 24 (produção executiva) e Larissa Carvalho, 29 (som direto, trilha sonora e finalização). As filmagens aconteceram ao longo do ano de 2024, com colaboração de representantes das duas partes que integram o território do Quilombo de Bongaba: (1) a comunidade onde residem os remanescentes quilombolas (2) e o terreiro de candomblé Ilê Asè Ogun Alakoro — que, além de ser a sede do quilombo, costuma receber com certa frequência a visita da imprensa.
Com forte inspiração nos relatos do livro “A terra dá, a terra quer” (2023), escrito pelo líder quilombola piauiense Antônio Bispo dos Santos (o Nêgo Bispo), o fio-condutor do filme parte da vontade de preservar, de valorizar e de trazer visibilidade para o legado e para a presença viva dos quilombos na Baixada Fluminense. “A proposta do documentário é trazer para o centro da conversa a importância da Baixada Fluminense também ser território quilombola”, diz a diretora, Rute. “Ele é um convite para os baixadenses se apropriarem de seu legado ancestral, porque falar de quilombo na Baixada é falar de pertencimento, é honrar a nossa terra. Esse filme tem o compromisso de devolver o orgulho de pertencer ao território BXD.”
Para guiar a narrativa a partir da relação com o território, o documentário conta com três entrevistados: Julio Cesar Coelho, remanescente quilombola nascido e criado na comunidade local; Pai Paulo de Ogum, líder religioso do quilombo; e Philippe Moreira, filho do Ilê Asè Ogun Alakoro e historiador cuja tese de doutorado narra a história do Quilombo de Bongaba.
Para o evento de estreia do documentário “Tem um Quilombo no Quintal de Casa”, está prevista uma roda de conversa logo após a exibição do filme – que acontece às 17h -, e, para fechar a noite, um set do DJ Wall (@odjwall), conhecido pelo repertório de músicas envolventes e diversificadas.
Sobre a diretora, Rute Sant’Anna
Rute Sant’Anna, 26 anos, é roteirista, diretora e produtora cultural, nascida em Belford Roxo e criada no Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Formada em marketing, migrou para o audiovisual e se especializou em roteiro pela AIC e em curadoria de conteúdo, atuando no Telecine Streaming, Paris Filmes e no Laboratório Audiovisual Aworan.
Foi júri do Festival de Cinema Negro Zózimo Bulbul em 2021 e 2022, contribuindo para o coletivo que o idealizou dentro do grupo Globo Tela Preta. Atualmente, é estudante da primeira turma de Cinema na UERJ e CEO e diretora criativa do Maruim Espaço Criativo, um espaço que nasce do desejo de fortalecer o território da Baixada Fluminense através do audiovisual, da arte e da cultura.
Seus filmes exploram narrativas afetivas e experiências comunitárias. Seu primeiro curta, “Fantasminha do Amor”, é um filme experimental, seguido por “Sob a Luz de Nanã”, gravado no Festival do Rio 2024. Agora, está à frente de “Feijoada 472”, um documentário independente que narra a tradição da Feijoada de São Jorge em Cordovil, abordando a fé, a memória coletiva e a força das mulheres negras que sustentam essa vivência cultural.
Além disso, Rute atua como figurinista e diretora de arte, sempre comprometida com histórias que ressoam com identidade, território e afeto.
Anuncie no BRAVA!
Entre em contato pelo e-mail comercial@bravabaixada.com.br e peça um orçamento.
