No Carnaval, cada escola leva para a avenida não apenas cores, fantasias e samba, mas uma narrativa capaz de traduzir identidades, sonhos e lutas. Para 2026, a Unidos da Ponte escolheu transformar a Sapucaí em um imenso baile, onde a batida do tamborzão se torna símbolo de resistência e afirmação cultural. O enredo “Tamborzão – O Rio é baile! O poder é black!” mergulha na história de uma cidade que dança para sobreviver e afirma a negritude como força política, social e ancestral.
A sinopse do enredo parte de uma ideia central: o baile não é apenas festa. Ele é território. Nos becos, vielas e praças, o tamborzão ecoa como uma convocação coletiva. É a música que acolhe, que permite ao povo negro e periférico escrever sua própria narrativa, desafiando o silêncio e a invisibilidade impostas pela sociedade.
Na visão da escola, o baile é “instituição”, espaço de encontro onde o corpo fala, resiste e celebra. Cada batida do tambor é herança de uma África que atravessou o Atlântico e encontrou novas formas de existir no Rio de Janeiro.
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SINOPSE DO ENREDO DA UNIDOS DA PONTE PARA 2026
Linha do tempo da resistência
A Unidos da Ponte propõe uma viagem pela evolução cultural que desemboca no funk carioca. Do lundu ao maxixe, do soul ao charme, cada ritmo aparece como capítulo de uma mesma história: a luta para que a cultura negra seja reconhecida e celebrada. O funk, em especial, é colocado no centro do enredo, não apenas como batida que move multidões, mas como expressão política de uma juventude que ocupa seu espaço apesar das tentativas de criminalização.
O enredo afirma: quando a favela bota seu som na rua, o que ecoa não é só diversão. É memória, é herança, é poder.
O título do enredo sintetiza sua mensagem: o Rio é baile, e o poder é black. A Unidos da Ponte transforma o desfile em manifesto, reafirmando que a negritude não é periférica no sentido de marginal, mas sim no de centro pulsante de criação cultural.
A proposta é que a Sapucaí se torne um paredão coletivo, onde todos são convidados a “funkear”. O desfile será um grande convite à reflexão: o que é poder, se não a capacidade de existir plenamente, de dançar, cantar e ocupar o espaço público sem pedir licença?
A voz da Baixada
De São João de Meriti, a Unidos da Ponte leva para a avenida a essência de uma Baixada que resiste e cria. O enredo não se limita ao passado; ele projeta o futuro. Ao exaltar a música e a cultura negra, a escola mostra que a batida que nasce nas favelas é, hoje, um dos sons mais poderosos do Brasil.
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