Viva a vida e as diferenças. Não às desigualdades!

por Jackie Marins

E lá vamos nós pensando com o Skank, desfazendo o que há por dentro nesse lugar que ninguém mais pisou, vendo o que está acontecendo…

Vamos seguindo, labutando, estudando, aprendendo, nesse ciclo permanente da vida, entre ceder e persistir.

Mas, não dá pra esquecer também, que ficou pra trás o que nos juntou.

A educação segue formando seus alunos, ainda remotamente, para vencermos o ano dois pós-covid, sem que a vida volte ao normal, por mais que estejam pessoas pelas ruas, com seus comércios, serviços… fazendo a economia girar.

Nos preparando para o que ainda não sabemos que virá, tentando resistir a dores e perdas irreparáveis.

Na estrada da reconstrução, com empatia e solidariedade, precisamos pensar como nossas crianças, adolescentes e adultos voltarão para as salas de aula. Como estarão emocionalmente. Como absorverão o retorno ao quadro e giz ou lousa e canetinha. Como encontrarão seus amigos presencialmente, sem poder abraçar e comemorar o encontro ou acalentar as perdas sofridas.

Como estarão os professores e suas dores e novas habilidades.

O que faremos com o que perdemos e conquistamos nesses dois anos de escolas em desafio?

Educação é política social. Educação é política destinada a promoção social.

Se não há como educar para a cidadania com as escolas como estão, ou estavam antes da pandemia, tampouco poderemos fazê-lo sem elas. E precisamos de escolas para todos.

Mas de que todos falamos? E como esse para todos será feito?

Porque muitos voltarão com um gap educacional ainda maior do que já tinham. E outros, os mais adaptáveis e que dispõem de maior estrutura domiciliar quase não terão esse gap ou vão ser capazes de solucionar em curto espaço de tempo.

Assim, nossas desigualdades imensas, vão se aprofundando e vão exigir das instituições de Estado que se reorganizem e promovam adequações capazes de nos conectar e construir caminhos novos, talvez nunca pisados.

Depois de controlado o vírus. Da certeza de imunização pós-vacinação em massa, teremos que juntar nossos cacos e reconstruir o país, o estado, as cidades, os bairros. Estamos imersos numa imensa dor que nos impede de ver por hora a esperança no horizonte.

Mas ela está lá e habita aqui também.

No legislativo vemos, desde o início da pandemia, movimentos no sentido de mitigar danos e criar redes de solidariedade e de suporte a quem mais precisa nesse momento. E também de superação dos problemas que se agravaram nesse período.

As comissões trabalharam intensamente, mesmo sem reuniões presenciais para não expor ninguém, o trabalho foi feito remotamente e continua. O plenário não parou, nem por um só dia, no Estado do Rio de Janeiro.

Ali também se anunciam novos tempos.

Novo espaço físico, com estrutura moderna e cuidadosamente pensada para atender a atividade legislativa e parlamentar.

O Hospital Pedro Ernesto está dando uma resposta importante em política de saúde e, diante do aumento de atendimentos por sequelas e problemas persistentes pós-covid, reunião uma equipe multidisciplinar para fazer frente a um leque de queixas e problemas remanescentes.

Vinculado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a tradicional Uerj, o centro de atendimento especializado é pioneiro e permitirá a construção de conhecimentos novos sobre a doença que assola o mundo e exige da humanidade novas atitudes para vencer os desafios gigantescos que teremos pela frente.

Atender e minorar danos na saúde dos pacientes, coletar dados e constituir um banco de dados para subsidiar investigações que levarão à evolução na área da saúde, foi assim que a humanidade avançou ao longo da história e chegou à construção de incríveis prodígios, como chegar à lua, mandar uma sonda para investigar o solo marciano.

Por aqui, no planeta Terra, ainda no caminho para mitigar a fome do mundo, reduzir as desigualdades que separam compatriotas e frear a matança de mulheres, por homens insensatos que acreditam serem as mulheres meros objetos de sua satisfação social, sexual ou emocional, como lixeiras onde podem ser despejados seus recalques e inseguranças.

Nessa luta árdua, além de incluir no currículo das escolas, agora, remotamente, e depois, presencialmente, o conhecimento sobre as leis de proteção das mulheres, discussões sobre igualdades e comunicação não violenta, precisamos de todos os recursos possíveis a serviço da vida! De todas as mulheres, de todos os homens e de todos os que estão fora dessa dualidade também.

A Secretaria de Desenvolvimento Social tem uma Coordenadoria de Combate à Violência contra as Mulheres, com ações especiais para atendimento em uma ampla gama de setores, mas todas com um único objetivo, reduzir os indicadores de violência.

Na Alerj, tramita um projeto que, a princípio, parece pouco relevante, porque propõe a instituição de um dia de luta pelo fim do feminicídio.

Mas, nesse dia serão realizadas atividades para colocar luz sobre o problema e, ao fazê-lo, estamos dando um passo na direção de retirar da invisibilidade a violência, que é de grande dimensão.

Nessa semana, em Niterói, cidade da região metropolitana do Rio, município de elevado índice de desenvolvimento humano, duas mulheres sofreram ataques a facas, desferidos por homens afetados pela recusa de cada uma delas.

Uma emocional, a mulher foi morta poque recusou o afeto apresentado em uma declaração de um colega de turma. Não satisfeito, inconformado, armou-se e esfaqueou aquela que ele acreditava amar. Mas quem ama não mata. Nunca.

E a outra, profissional, recusou a promoção de um subordinado, que a atacou e desferiu facadas para matá-la. E a pergunta que não quer calar: teria feito o mesmo diante de um superior do sexo masculino? De certo que não. Essa, felizarda, sobreviveu.

Por isso, espalhar delegacias de proteção às mulheres, dar força a conselhos de direitos das mulheres, criar disciplinas que tratem da igualdade entre todos os seres humanos, estabelecer dias de combate ao feminicídio são medidas fundamentais.

Bem mais que lamentar o tempo que nós perdemos, como diz o Skank, precisamos nos juntar e construir uma nova forma de viver. Um novo modo de nos relacionarmos. Nas escolas, nas casas, nas ruas.

Lembrando que, mesmo diferentes, somos todos humanos.

Humanas! Somos humanas! E temos direito à vida! Para além dos afetos, das decisões, do que quer que seja!

Por nós e por eles. Para vivermos em paz.

Jackeline Marins é Mestranda em Políticas Sociais, na Universidade Federal Fluminense (UFF), Pedagoga, especialista em Administração Pública, pela FGV-Rio, Especialista do Legislativo estadual e a colaboradora do BAIXADA POLÍTICA aos sábados.

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