Festa de Santo Antônio: conheça as origens da devoção pelo Santo Casamenteiro na Baixada Fluminense

Por Isabelle Brenda

Quem passa pelos centros de Nova Iguaçu e de Duque de Caxias nessa época do ano tem grandes chances de se deparar com uma enorme festa junina dedicada a Santo Antônio. Em ambas as cidades, o santo “casamenteiro” tem muito trabalho, já que a população feminina supera a masculina, segundo dados do último Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2022. Padroeiro dos casamentos, é muito conhecido por dar aquela forcinha à quem deseja encontrar um amor.

No dia 13 de junho, muitas igrejas católicas distribuem pães aos fiéis como um ato em memória às ações de Santo Antônio, conhecido também por compartilhar seus bens com os outros. Além disso, há muitas simpatias que são praticadas até hoje, como colocar o Santo Antônio de cabeça para baixo em um copo com água, ou deixá-lo de “castigo” com o rosto virado para a parede, até que o tão sonhado casamento se realize.

Foto: Reprodução

Santo Antônio é venerado como padroeiro de Duque de Caxias e Nova Iguaçu há muito tempo. Essa devoção está enraizada na história e cultura locais desde os tempos coloniais. Em Nova Iguaçu, Santo Antônio é celebrado como copadroeiro junto a São Jorge, e o dia 13 de junho é feriado municipal em sua honra. Em Duque de Caxias, por sua vez, o Santo Casamenteiro é o único padroeiro e é celebrado na mesma data também em um feriado municipal.

As festas em honra a Santo Antônio são muito populares em várias regiões do Brasil, e ganham destaque na Baixada Fluminense devido a forte tradição católica local. As comemorações costumam durar alguns dias e, literalmente, param os centros de Duque de Caxias e Nova Iguaçu. Se somarmos ambas as festas, mais de 200 mil visitantes chegam nas celebrações das catedrais e podem escolher o que saborear nas barracas montadas na Avenida Governador Leonel de Moura Brizola, em Duque de Caxias, ou na Av, Marechal Floriano Peixoto, no centro de Nova Iguaçu

Foto: Reprodução

Primeira Festa realizada em Nova Iguaçu

O Padroeiro da Diocese de Nova Iguaçu, Santo Antônio, além de ser conhecido como santo casamenteiro, também é lembrado como protetor dos pobres, como auxiliador na busca de objetos ou pessoas perdidas e amigo nas causas do coração. Há relatos que indicam que a primeira festa ocorreu em 1863, ainda quando a cidade se chamava Maxambomba.

Hoje em dia a festa é muito mais do que uma devoção, é uma tradição da fé católica que se tornou um elemento cultural da cidade de Nova Iguaçu. Este ano a 161ª Festa de Santo Antônio em Nova Iguaçu terá 150 barracas e 43 tendas gastronômicas e de artesanato. Mais de 120 mil participantes são esperados nos seis dias de evento. Mais uma vez o centro da cidade de Nova Iguaçu será transformado em um grande arraial durante os dias 8 a 13 de junho de 2024. 

História da Catedral de Santo Antônio da Jacutinga

A Catedral está situada na Avenida Marechal Floriano Peixoto, número 2265, Centro de Nova Iguaçu.

  • Em 1862, a Sede da Freguesia de Santo Antônio da Jacutinga foi transferida para Maxambomba a fim de ficar mais próxima da ferrovia, a transferência ocorreu através do decreto n° 1267. Devido a esse processo de mudança era necessário construir uma Matriz na nova sede da Freguesia.
  • Por esse motivo, no dia 25 de março de 1863, a nova Matriz de Santo Antônio foi erguida no Arraial de Maxambomba, às margens da linha do trem, em um terreno doado pelo Dr. Thibau e sua esposa Dona Bebiana. A imagem do santo em bronze, que foi trazida de Portugal pelo Comendador Soares e doada a nova Matriz, sendo venerada na primeira festa que durou do dia 13 ao dia 14 de junho de 1863.
  • Quando o Dr. Thibau doou o terreno para construir a igreja, pediu que a rua que passava ao lado da Matriz fosse batizada com seu nome e a rua nos fundos da igreja levasse o nome de sua esposa, Dona Bebiana. Nesse terreno foi construído o imponente templo voltado para a linha do trem e um antigo cemitério que foi posteriormente transferido.
  • Em 1935, no lugar do antigo Cemitério, foi fundado o primeiro Colégio do Instituto Santo Antônio pelo Padre João Mush. Também no início da década de 30, a Matriz passava por uma grande reforma que duraria até 1939, na qual a igreja perderia suas duas torres sineiras laterais e ganharia um torre central adornada com um relógio elétrico em 1949.
Antiga Matriz de Santo Antônio em Nova Iguaçu, quando, em 1937, iniciaram a alteração de sua antiga fachada para acrescentar uma torre central, concluída em 1939, de feições góticas.

A Matriz de Santo Antônio da Jacutinga foi elevada a Catedral em 1960, com a criação da Diocese de Nova Iguaçu.

Catedral de Santo Antônio em Duque de Caxias

Antes da localização do atual templo, a Igreja de Santo Antônio situava-se na Rua José Alvarenga, no Centro de Duque de Caxias, terreno comprado por Frei Leandro Novak. Ainda em 18 de junho de 1930, esse templo foi inaugurado pelo Exmº Dom José André Coimbra, bispo de Barra do Piraí, Diocese à qual pertencia a localidade.

  • Em 08 de abril de 1942, a Igreja foi elevada à condição de Matriz da Paróquia Santo Antônio. A Paróquia nasceu sob a orientação e os cuidados dos Frades Franciscanos, da Província Imaculada Conceição do Brasil.
  • Frei Lauro Ostermann foi o responsável pela compra de um terreno situado na antiga Estrada Rio-Petrópolis (hoje Avenida Governador Leonel de Moura Brizola), onde foi construída a nova Igreja
  • No dia 07 de setembro de 1959, Frei Teodoro inaugurou a Matriz na atual Avenida Governador Leonel de Moura Brizola.
  • Em 12 de julho de 1981 a Igreja Matriz de Santo Antônio foi cedida pela Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil para nela ser instalada a sede da nova Diocese de Duque de Caxias e São João de Meriti.
  • A partir de 1985, os padres diocesanos assumiram a coordenação pastoral, registrando-se também a presença das Irmãs Catequistas Franciscanas na Paróquia e a Congregação das Irmãs Franciscanas de Dillingen, de modo especial na Educação (Colégio Santo Antônio).
Imagem: Reprodução

E você sabe por que a imagem deste Santo ficou tão atrelada aos casamentos?

A tradição nos diz que Fernando Bulhões, nome de batismo de Santo Antônio, viveu a maior parte de sua vida em Pádua, na Itália. Apesar de nunca ter pregado em seus sermões palavras sobre relacionamento ou casamento, ele ficou conhecido por ajudar mulheres solteiras a encontrarem um marido, e até ajudava financeiramente moças humildes a montarem seu enxoval e darem o dote para conseguirem concretizar seus casamentos. 

Cocadas: doce tradicional nas festas juninas da Baixada Fluminense

O legado das igrejas católicas continua marcando presença no cotidiano não apenas de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, mas de toda a Baixada Fluminense. Agrega-se ao riquíssimo patrimônio dessas regiões a memórias da fé católica. É muito bom ver que a rica tradição das festas juninas se mantém preservada e marcante também nas novas gerações.

Me conta, vai precisar deixar o Santo Antônio de “castigo” esse ano mais uma vez?

Fontes: Dioceses de Duque de Caxias / Dioceses de Nova Iguaçu / Facebook História de Nova Iguaçu e Duque de Caxias que passou

Isabelle Brenda é nascida e criada em Duque de Caxias. Formada em História pela UFRJ, pesquisa sobre História da Imprensa no Rio de Janeiro no século XX. Atualmente, trabalha como supervisora de pesquisa no IBGE.

One thought on “Festa de Santo Antônio: conheça as origens da devoção pelo Santo Casamenteiro na Baixada Fluminense

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *