De Seropédica para o mundo: a cientista que revolucionou a agricultura brasileira

Foto: Reprodução

Mesmo com a pronúncia complicada, Johanna Liesbeth Kubelka Döbereiner tem conquistado cada vez mais espaço fora dos círculos científicos. E isso não é pouco: entre todos os cientistas brasileiros, ela é a sétima mais citada em artigos científicos e a mulher mais mencionada da história da ciência nacional. Seu legado nasceu na Europa, mas floresceu em Seropédica, na Baixada Fluminense, onde viveu, pesquisou e faleceu.

Nascida em 1924, na antiga Tchecoslováquia, Johanna cresceu em uma região marcada por conflitos: os Sudetos, anexados pela Alemanha nazista quando ela tinha apenas 14 anos. De origem alemã, sua família sofreu com os horrores da guerra — o pai foi preso por ajudar judeus e a mãe morreu em um campo de concentração. A jovem Johanna seguiu com os avós e, após o fim da guerra, iniciou seus estudos em Ciências Agrárias na Universidade de Munique, se formando em 1950 com um trabalho sobre bactérias fixadoras de nitrogênio.

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Naquele mesmo ano, Johanna se casou com o médico veterinário Jürgen Döbereiner e recebeu o convite do pai, que já estava no Brasil, para viver aqui. Chegando ao país, ela foi contratada pelo Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas, embrião da atual Embrapa, onde construiu uma carreira científica brilhante e profundamente conectada ao solo brasileiro.

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Sua maior contribuição foi no campo da fixação biológica do nitrogênio, uma alternativa sustentável e econômica aos fertilizantes químicos. Na década de 1950, Johanna identificou novas espécies de bactérias capazes de fixar nitrogênio em solos ácidos, comuns no Brasil, especialmente em plantações de cana-de-açúcar. Mais tarde, no início dos anos 60, sua atuação na Comissão Nacional da Soja foi determinante para a transformação do Brasil em potência na produção da leguminosa, graças ao uso de inoculantes biológicos que substituíram adubos caros e poluentes.

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Naturalizada brasileira em 1956, Johanna Döbereiner passou a considerar o Brasil como sua verdadeira pátria. Viveu até o fim da vida em Seropédica, onde se manteve ativa na pesquisa até falecer em 2000, aos 75 anos.

Seu nome é reverenciado em todo o mundo. Foi membro da Academia Brasileira de Ciências (onde chegou à vice-presidência), da Academia Pontifícia do Vaticano e da Academia de Ciências do Terceiro Mundo. Recebeu prêmios da UNESCO, da OEA, da Alemanha, do México e do próprio Brasil, incluindo a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito. Em 1997, chegou a ser indicada ao Prêmio Nobel e recebeu o título de doutora honoris causa por universidades nacionais e internacionais.

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Johanna Döbereiner é um daqueles nomes que a Baixada Fluminense (e o Brasil) deveriam repetir com orgulho. Afinal, foi de Seropédica que ela ajudou a alimentar o mundo.

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