Francisco Barboza Leite e a Cultura em Duque de Caxias

Por Tania Amaro

O mês de março, no município de Duque de Caxias, possui eventos marcantes para nossa história: em 1931, foi criado o Distrito de Caxias, integrando ainda Nova Iguaçu; em 1972, o Museu Duque de Caxias, no bairro Taquara, foi inaugurado; em 1998, inaugurou-se o prédio da Prefeitura Municipal no bairro Jardim Primavera, centro geográfico do município.

Ainda, no dia 20 de março é comemorado o DIA MUNICIPAL DE CULTURA, criado a partir da Lei nº 1926, de 14 de dezembro de 2005. Essa data é uma homenagem a Francisco Barboza Leite, nascido em 1920, que se tornou um dos expoentes da cultura de nosso município. Atuou como artista plástico, poeta, escritor, jornalista, ensaísta, cenógrafo, ator, compositor, enfim um artista múltiplo.

Francisco Barboza Leite – Acervo IH CMDC

Barboza Leite, artista múltiplo, nasceu na cidade de Uruoca, no Ceará, mas foi em Duque de Caxias que escolheu viver; este artista da palavra escreveu na e sobre a nossa cidade, em sua própria contemporaneidade.

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Em sua militância cultural, Barboza Leite era amigo de Solano Trindade, com quem trabalhava no IBGE e que apresentou Duque de Caxias a Barboza a partir de 1947. Na década seguinte, o pintor-poeta passou a coordenar a Escolinha de Artes da Fundação Álvaro Alberto, antiga Escola Regional de Meriti. No período em que colaborava com a Orquestra Sinfônica de Duque de Caxias, Barboza compôs a canção Exaltação à Cidade de Duque de Caxias, que se tornaria, mais tarde, o hino oficial da cidade. Organizou salões de arte e pintura e colaborou com Laís Costa Velho na criação do Teatro Municipal Armando Melo, o primeiro teatro da cidade. Militante da cultura, Barboza mantinha um ateliê de pintura no Rio de Janeiro, incentivando vários artistas duquecaxienses a se apresentarem ali e de onde arrebanhou vários outros para expor em Duque de Caxias.

Imagem: coleção Rogério Torres

Articulista nos periódicos locais, Barboza Leite foi um dos idealizadores dos jornais Grupo e Tópico, integrando a associação cultural Grupo, que reunia outros militantes da cidade. Criou jornais e revistas que tinham como eixo a cultura local, publicou vários livros e produziu filmes em super 8, implantando a primeira Feira de Artes de Duque de Caxias e colaborando na criação do Conselho Municipal de Cultura. Escreveu peças teatrais, dirigiu outras e atuou também como ator e contrarregra. Nos anos 1980, Barboza Leite integrou o grupo Arte e Comunicação e, em 1991, participou da elaboração da proposta de criação da Secretaria de Cultura de Duque de Caxias, desenvolvendo diversos projetos culturais nessa nova secretaria.

Imagem: Divulgação / Acervo IH CMDC

Esse artista múltiplo escreveu diversos livros de poesias, contos e crônicas, entre eles O Chão de Caminhos, Ânfora de Enigmas, Os Espaços Abertos, Entre o Sol e a Solidão, A Distância Infinita. Além de uma diversidade de cordéis como A Grande Feira de Duque de Caxias e A Verdadeira História da Cidade de Duque de Caxias, produziu livreto intitulado Trilhas, Roteiros e Legendas de uma Cidade Chamada Duque de Caxias. Em parceria com Rogério Torres, elaborou Duque de Caxias – Foto Poética. Nesta produção acerca do município, Barboza Leite demonstra claramente seu apreço pela cidade que o acolheu e onde foi homenageado a partir de 2005, com a lei que tornou sua data natalícia, o Dia Municipal da Cultura.

A professora Tania Amaro é Diretora do Instituto Histórico da Câmara Municipal de Duque de Caxias. Tem pós-doutorado em História pela UFRRJ; é Doutora em Humanidades, Culturas e Artes e Mestre em Letras e Ciências Humanas pela Unigranrio; e Licenciada e Bacharel em História pela UERJ, com especialização em História das Relações Internacionais pela mesma Universidade. É Docente da rede estadual de ensino e autora de vários artigos e livros relacionados à História Local e Regional. Integra como historiadora a Comissão para os Bens Culturais e Artes Sacras da Diocese de Duque de Caxias.

Por Brava Baixada

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