Folia De Reis: tradição viva na Baixada Fluminense

Por Isabelle Brenda

O dia 6 de janeiro é o dia dos Três Reis Magos, ou como é mais conhecido Folia de Reis. A tradição diz que quando três Reis Magos, Gaspar, Belchior (ou Melchior) e Baltasar, viram a Estrela de Belém no céu, foram ao encontro de Jesus, que havia nascido. Eles ofereceram três presentes ao menino Jesus: ouro, que simboliza prosperidade, incenso, que representa divindade e mirra, que traduz-se em imortalidade. A tradição ainda diz que os três reis representam toda a humanidade, já que um era negro, o outro branco e o terceiro pardo. Muitos países celebram essa data e, como sempre, o Brasil comemora de um jeito particular.

A nossa tradição de Folia de Reis

Grupos devotos dos Três Reis Magos percorrem várias localidades do Estado do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense em épocas próximas ao Natal com símbolos e cantos devocionais. Os grupos são compostos, em geral, por mestres, contramestres, palhaços e músicos. As folias organizadas por famílias afrodescendentes ganham um colorido especial pois há um apreço ao rei negro. 

Foto: Isabela Kassow / Diadorim Ideias

Há registros dessas folias desde o século XIX, quando começaram a ser perseguidas e afastadas dos centros urbanos. No século XX, grupos se articularam em resposta a essa repressão e formaram uma federação para garantir legitimidade e autorização frente às autoridades policiais.

Hoje em dia, a Folia de Reis é vista como folclore, tradição ou devoção. As memórias que os mais velhos guardam valorizam a poesia devocional dos mestres e a disputa entre eles. Essas manifestações envolvem a transmissão e a vivência de um patrimônio familiar e comunitário muito antigo e ligado a populações afrodescendentes.

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Folia de Reis Flor do Oriente

Duque de Caxias já teve muitas folias de reis, mas poucas resistiram tantos anos como o Reisado Flor do Oriente, que há 150 anos mantém viva a tradição no município.  Fundado em 1872 em Minas Gerais e com sede no bairro Vila Rosário, em Duque de Caxias, tem a responsabilidade de manter viva essa tradição.

Quatro gerações da família Vicente de Morais carregam a mesma bandeira, que veio de Minas Gerais com o mestre Miguel Vicente de Morais, em 1944. Quem faz parte da Folia Flor do Oriente sabe que lá os regulamentos são severos: não pode sentar, não pode fazer corpo mole, nem beber água enquanto o mestre não autorizar.

No dia 24 de dezembro, a folia inicia seu cortejo na Igreja São José Operário e de lá vai à casa do primeiro devoto. De porta em porta, a folia atende quantas casas solicitarem até o dia 20 de janeiro.

Flor do Oriente recebe homenagem em Caxias pelo Vereador Alex Freitas com a Moção de Congratulações e a Medalha Francisco Carlos Maciel (Foto: Reprodução)

Além da já citada família Vicente de Morais, a Flor do Oriente tem mais 40 integrantes, que só descansam depois da Festa do Arremate, em abril, quando folias de toda a região se reúnem. Desde 2016 a Folia de Reis é tombada como Patrimônio Cultural e Imaterial do município de Duque de Caxias.

Outros municípios da Baixada Fluminense também possuem Folias de Reis. Vocês participam desses grupos ou veem os cortejos passando pelas suas ruas?

Bibliografia:

Documentário Jongos, Calangos e Folias: Música Negra, memória e poesia.

Mapa da Cultura RJ.

Isabelle Brenda é nascida e criada em Duque de Caxias. Formada em História pela UFRJ, pesquisa sobre História da Imprensa no Rio de Janeiro no século XX. Atualmente, trabalha como supervisora de pesquisa no IBGE.

Por Brava Baixada

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