Um dos principais políticos do país, Francisco Dornelles faleceu nesta quarta-feira (23/08). Presidente de honra do Partido Progressista, ele estava afastado da vida pública para cuidar da saúde. Primo de Getúlio Vargas e sobrinho de Tancredo Neves, Dornelles seguiu os passos dos familiares e construiu uma sólida carreira na política, tendo atuado como ministro, senador, deputado federal, secretário da Receita Federal e governador do Rio de Janeiro.
Dornelles nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, e desde cedo demonstrou uma paixão pelo conhecimento. Ele se formou, fez mestrado e doutorado em Direito pela Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua busca por excelência acadêmica o levou aos Estados Unidos, onde se especializou em finanças públicas e tributação na renomada Harvard Law School durante os anos de 1965-1966.
Sua carreira política teve início como colaborador de seu tio paterno, Tancredo Neves, na Secretaria de Finanças de Minas Gerais em 1959. Dornelles também desempenhou o papel de secretário particular de Tancredo durante seu período como primeiro-ministro do país.
Após o término do mandato de Tancredo como primeiro-ministro, Dornelles se afastou da vida partidária e se dedicou à academia. No entanto, a partir de 1972, assumiu diversos cargos no governo federal do regime militar.
Ele se destacou como secretário da Receita Federal em 1979 e, em 1985, foi nomeado ministro da Fazenda pelo presidente eleito indiretamente, Tancredo Neves, mantendo-se no cargo durante o governo de José Sarney.
Em 1984, com a articulação da candidatura de Tancredo à presidência da República, Dornelles se aproximou do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em 1986, foi eleito deputado federal pelo Partido da Frente Liberal (PFL), permanecendo na Câmara dos Deputados até 1993. Posteriormente, retornou ao Partido Democrático Social (PDS) – antigo Arena – e suas denominações subsequentes (PPR/PPB/PP), tornando-se presidente nacional do partido entre 2007 e 2013, já então denominado Partido Progressista, sigla da qual é o atual presidente de honra. Ele transmitiu a presidência do partido ao também senador Ciro Nogueira.
Dornelles foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1986, sendo reeleito por mais quatro mandatos consecutivos. Ele também disputou a prefeitura do Rio de Janeiro em 1992, obtendo o 7º lugar.
Além de sua atuação no Congresso Nacional, Dornelles serviu como ministro da Indústria e Comércio e ministro do Trabalho no governo de Fernando Henrique Cardoso.
Sua contribuição para o país foi reconhecida internacionalmente, com a concessão da Ordem do Mérito de Portugal em 1987 e da Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial em 1999.
Em 2006, Dornelles foi eleito senador pelo Rio de Janeiro, onde continuou a representar o estado com dedicação.
Dornelles também exerceu um papel vital em momentos de crise, assumindo interinamente o governo do Rio de Janeiro em razão de problemas de saúde do governador Luiz Fernando Pezão. Sua liderança durante os Jogos Olímpicos Rio 2016 e durante as eleições municipais de 2016 foi fundamental para o estado.
Um dos momentos mais marcantes de sua gestão foi a declaração de estado de calamidade pública em junho de 2016, em resposta à crise econômica que afetou o estado do Rio de Janeiro a apenas 49 dias do início dos Jogos Olímpicos. Essa medida histórica destacou a gravidade da situação financeira do estado.
Em novembro de 2018, ele novamente assumiu o cargo de governador em exercício devido à prisão do governador Pezão, permanecendo nessa posição até a posse de Wilson Witzel em janeiro de 2019.
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